10 de setembro de 2010

Alegria é a prova dos nove

Ludmila Ciuffi
Luz e sombra absolutas. Pode alguma coisa ser mais anti-Miró do que branco e preto? Não sou daltônica, meu olho alcança todo o pequeno espectro de cores que foi reservado aos humanos. Tampouco sou triste: alegria é a prova dos nove, já disseram. Alegria é verde-limão, cor-de-abóbora, azul cobalto, amarelo ouro, vermelho queimado. O som de minha risada é colorido e estridente. Coerência e comedimento não possuem cor. Ou melhor, são variações em torno de cinza. Neutralidades.
Então, para não destoar muito, vivo em branco e preto, mas sonho colorido. E bordo também. Esta tapeçaria foi toda composta com elementos tirados de Miró, mas o colorido é meu.
O cachecol branco e preto não poderia ser mais neutro... Quase frio. Ainda mais pelo fato de ser tecido com linha fina. O calor que ele abriga não vem dele. Vem da alegria incontida de experimentar as cores e fazê-las falar.

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