19 de setembro de 2011

Almofada de restinhos


Gosto de ter sempre disponível um trabalho de agulha portátil. É possível levá-lo para qualquer lugar e sacá-lo toda vez que a espera por qualquer coisa superar nosso limite de tolerância. Este que não precisei pensar para executar, então, foi rapidíssimo: bastava seguir o desenho impresso industrialmente na talagarça. Bom para fila de banco e espera de aeroporto, para não falar das esperas por consultas médicas e odontológicas. Verdade seja dita que meu dentista nunca atrasa, mas ele é exceção à regra...
Voltemos à almofada: empreguei nela todo restinho de cor que havia no baú, nada se perde do que foi comprado. Também devolvi ao tempo o tempo que as filas e esperas me roubou. Chamar "passatempo" a atividades produtivas como essa é incorreto, pois somente perco meu tempo quando me entrego ao tédio e perco horas importantes conferindo bobagens na net.

7 de setembro de 2011

Livro Bordado







E como as aranhas persistem, voltemos a elas. Eis que os ovos eclodiram e alguns deles ganharam as páginas desse livro que fiz num minicurso a que me dediquei com carinho. Foi ocasião de unir o texto ao têxtil, assunto tão vasto. Muito bom tirar do baú palavras quase descosidas de tão poucas e fixá-las num suporte  com o qual elas dialogam tão bem. Não sei dizer se o branco das páginas revelam o pouco que as mãos produziram ou a pouca imagem que as palavras suscitaram. Talvez esse livro seja a representação concreta de um diálogo que travo com mudos, cegos e manetas.
A mortal que emprestou seu nome ao aracnídeo tem sido minha musa há algum tempo. Quero dela apenas seu talento, não seu destino infeliz. Rivalizar com a Deusa - a mitologia nos diz - não costuma ser bom negócio e guardo igual distância de forcas e chinelos.