23 de maio de 2012

Cortina de Facas


Era para ser têxtil e para ser preto o mais era livre. Minha janela eu pretendia mais ameaçadora do que engraçada, mas ela não quis assim... A criatura ganhou o mundo e as coisas que eu pensei para ela perderam a função.  Pensei em Norman Bates e naquele cineasta que gostava de janelas. Uma coreografia de Pina Bausch forneceu a urgência da expressão.
Antes de posar nas paredes do Museu A Casa, a janela veio de uma caçamba carregada de entulho e as facas foram perfuradas com prego aquecido no fogão. Crochê e tricô básicos fizeram o resto.

8 de maio de 2012

Janela com sutiãs



Nascida ano passado, minha janela permanecia envergonhada de si mesma. Careciam os sutiãs de regaço mais compreensivo de sua mensagem desenvolta e alegre.
Essa janela formava um par com o busto (do exercício têxtil nº 5) e com ele dialogava. Enquanto aquele dizia da pequenez de uma dor que se introjeta, essa pretendia impor-se como um desavergonhado gesto de liberdade. Algo como um piparote seguido de uma sonorosa gargalhada.
Algum tempo decorrido, eis que minha janela tem agora outro interlocutor com o qual conversar: a obra que apresentei na TENET tão talhada para o enfrentamento.
Tenho mais nada a dizer sobre as janelas.
Sei da dor que agulhas e facas podem causar.