11 de junho de 2012

Gaiola


Nasceu como uma estrutura de cavilhas e rami. Não deu. Leve demais. E eu não sei nós capazes de resgatar suicidas em Bungee Jump. Daí virou ferro, ou melhor, aço que tanto machucava o itabirano Carlos (da gentil terra mineira nosso poeta conservou somente a dureza). Mas assim foi que meu rascunho de cavilhas e rami transformou-se nessa gaiola de aço e solda. A delicadeza veio depois, mas sem exagero. Esmola demais santo desconfia. Havia um turbilhão de coisas em que pensar, e eu não queria que o bruto subjugasse o delicado. Havia a exposição do Giacometti na Pinacoteca, havia os pregos do João Pimenta e as minhas facas, havia a luz tão bonita do atelier novo, havia John Lennon gritando umas urgências antigas. Pregos viraram agulhas, assunto que me ocupa. Título foi mais difícil, acabou ficando óbvio.

4 de junho de 2012

Encalacrado



O cabo de aço permanecia ali, alheio a toda tentativa minha de transformá-lo em borboleta. Bem que tentei com arames e alicate domar a matéria bruta. Como que a rir desse capricho, o cabo se esticava mais e mais  escarnecendo de minha fantasia de onipotência. Certo, entendi logo: metamorfose não! Então, perseverante e paciente bolei este suporte para as adoráveis curvas que o aço me permitia fazer com as mãos sem alterar sua essência. Fizemos as pazes e demo-nos as mãos.

Juan Ojea é o orientador da oficina que acompanho sobre Arte Têxtil Tridimensional. A sugestão de usar materiais inusuais veio dele. Estímulo e incentivo também. Muchas gracias.